Por Waldyr Costa
Imagens divulgação e de domínio público (foto p&b).
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Um jovem "coroa"de 40 anos. Tem o conforto de uma limousine.
Pouquíssimas motos no planeta ousam desafiá-la nesta categoria. |
A icônica Honda Gold Wing completa 40 anos de juventude. Sempre foi uma moto ousada. À frente do seu tempo quando começou, hoje ainda é uma modernidade sobre rodas, com toda a qualidade que a Honda foi capaz de oferecer, num pacote que entrega muito mais do que se possa imaginar. Com uma incrível leveza para os seus mais de 400kg e um comportamento pra lá de esportivo para uma moto como essa, a Honda GL1800 Gold Wing ainda surpreende a quem a pilota.
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O primeiro protótipo da Honda GL1000 Gold Wing se chamou M1, com motor boxer de 6 cilindros. Foi exposto em 1972. |
A Gold Wing começou a ser gerada no projeto M1, que juntava a elite de engenheiros e pilotos para desenvolver uma moto de vanguarda, engolidora de quilômetros, que fosse além de todos os padrões conhecidos. Em 1972 foi apresentada à imprensa o protótipo do que viria a ser a famosa Gold Wing, era a M1 com um motor boxer de 6 cilindros.
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A Gold Wing estreou em 1975, com motor boxer de 4 cilindros e 1.000cc. |
Se passariam mais três anos para que a Gold Wing, finalizada e pronta para entrar em produção, fosse conhecida. Em 1975, com um motor boxer (horizontal) de 999cc, quatro cilindros e refrigeração líquida, chegava às lojas a GL1000 Gold Wing. O sucesso foi imediato nos EUA, que passou a consumir mais de 80% da produção da Honda. A capacidade da moto cruzar o continente norteamericado de leste a oeste com conforto, segurança e confiabilidade, fez a Gold Wing ganhar fama mundial em poucos anos de vida. Era a moto revolucionária que passaria a balizar por décadas o conceito de gran turismo no motociclismo.
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Em 1980 a moto assume definitivamente o caráter de Gran Turismo. Totalmente modificada para o prazer nas autoestradas. |
O sucesso avassalador no mercado dos Estados Unidos fez a Honda decidir finalmente construir uma fábrica na América do Norte e se estabelecer como a primeira montadora japonesa a fabricar em solo norteamericano. Na virada para os anos 80, após a inauguração da planta de produção nos EUA, a GL1100 Gold Wing abandonou o ar mais esporte-turismo que sugeria e assumiu a bandeira de gran turismo.
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A Honda sempre ofereceu séries especiais ou limitadas da Gold Wing, como esta versão Aspencade de 1982. |
A maioria dos acessórios que os usuários costumavam instalar na moto para as grandes viagens, passaram a ser itens de série da própria Honda, que decidiu fabricá-los para deixar a moto pronta para qualquer longa jornada. Além disso, a estrutura da moto foi alterada, o entre-eixos foi alongado, a suspensão passou a ter assistência pneumática (suspensão a ar), o motor (agora 1.085cc) foi alterado para produzir mais torque em detrimento de maior potência, a ergonomia foi otimizada e a moto visualmente passou efetivamente a ter a imagem que ainda a acompanha até os dias atuais.
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Em 1985 ela passou a ser 1.200cc e foi remodelada. |
Na segunda metade dos anos 80 a Gold Wing já era a GL1200, mais precisamente com 1.182cc, tinha ganhado tuchos hidráulicos (para quem não sabe, é a regulagem automática de válvulas usando a pressão do próprio óleo lubrificante), mais suavidade na entrega de força e torque monumental em baixa rotação. O pacote tecnológico deixou a moto praticamente independente de manutenção frequente. Ela podia cruzar um continente sem precisar de revisão.
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O maior projeto de renovação da história da Honda foi feito para recriar a GL1500 Gold Wing para 1988. |
O objetivo da Honda para uma nova versão da Gold Wing era bem ambicioso, ela teria quer ser melhor que o anterior em todos os aspectos: extremamente silenciosa e suave, ter mais força e mais potência, maior agilidade e melhor ergonomia. O resultado de tão grandioso, longo e dedicado trabalho foi uma moto que dominou o segmento e passou a ser a moto referência. Objetivo atingido e um maravilhoso motor boxer 1.500cc de 6 cilindros era capaz de levantar os 400kg da moto em apenas uma roda e ainda tinha a agilidade de uma moto de muito menor porte. Esta versão foi uma medalha de ouro aos esforços de engenharia da Honda.
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Mais uma vez a Gold Wind se refaz. Tudo novo e o motor 1.8 para ser quase eterno. |
A Honda nunca relaxou com a Gold Wing. Ela entra no século XXI com tudo o que a tecnologia poderia dar a uma moto como esta, sem concessões. Motor de 1.832cc, o eterno boxer de 6 cilindros, torque "incalculável" em qualquer posição do acelerador, quadro com vigas estruturais de alumínio e mais 20 novas tecnologias inéditas que a Honda acabara de patentear para poder incluí-las na GL1800.
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Em 2012 foi lançada a última versão da GL1800 Gold Wing. |
O torque de mais de 17kgfm faz a meia tonelada da Gold Wing, com piloto e passageiro inclusos, parecer meio quilo. O novo quadro de alumínio, combinado com a balança monobraço também de liga de alumínio, dá a GL1800 dá uma agilidade impressionante para uma moto com tanto volume e peso.
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Edição especial de de 40 anos para 2015. |
A lista de "incluindo" é interminável: sistema de frenagem combinado, com ABS, airbag, motor elétrico para marcha à ré, sistema anti-mergulho na suspensão, computador de controle de velocidade de cruzeiro, suspensão traseira com controle eletrônico, controle remoto de abertura e liberação das malas, sistema de som digital de alta definição e mais uma imensa lista de acessórios para as mais exigentes clientes.
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Versão preta da edição comemorativa de 40 anos para 2015. |
Em 2005 foi lançada uma edição comemorativa aos 30 anos e mais de 500.000 unidades vendidas. Em 2006 o ABS passou a ser item de série, o sistema de áudio foi melhorado com a utilização de seis alto-falantes de alta fidelidade e 160W de potência que também eram de série, além de disponibilizar air-bag opcionalmente. Outros itens eram: GPS com sistema HSLNS da própria Honda, com painel digital colorido que inclui pontos de interesse e outras mil funções, controles e acessibilidades; aquecedor de manopla, assento e encosto com cinco opções de temperatura, além sistema de aquecimento dos pés com ar quente do motor e mais um pacote itens opcionais para pilotagem em baixa temperatura com conforto; e mais alguns melhoramentos nos sistemas elétrico e sinalizadores.
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A quase perfeição da Gold Wing já está deixando a tarefa de melhorá-la muito difícil. |
Não houveram mais alterações significativas desde 2006. Mas praticamente tudo o que é possível imaginar ela já tem. Chega uma hora que não tem mais como aumentar um pacote sem deixá-lo com algo supérfulo, e isso numa moto não é nada bom. Então, para não exagerar na dose ela continua a mesma, por enquanto. Uma master touring de referência após 40 anos de produção contínua. Não é uma moto para qualquer bolso, mas não passa por ninguém sem instigar um pouco de desejo, ou simplesmente curiosidade, sobre o que se deleitar sobre uma máquina dessas.
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A "logo" 40 anos está impressa no encosto do banco, ou melhor, do sofá do garupa. |
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Foi criada uma logomarca comemorativa para constar em alguns itens da moto Gold Wing. |
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A chave não deixou de ser lembrada e carrega os 40 anos onde quer que o seu dono esteja. |
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